Tropa de burros
Na curva da estrada
Uma mula apressada
Aponta no estouro
Do relho de couro
Guiando uma tropa
De burros cansados
À feira de troca
Com fardos pesados
O sopro ofegante
De um burro caído
Revela o semblante
De quem foi vencido
O queixo estirado
As patas dobradas
Um olho vazado
Pelas chicotadas
Não tem mais o pelo
No lombo ferido
Já pede arrego
Mas não é ouvido
O relho malvado
Estala de novo
Ferindo o coitado
Bem no cabelouro
Levanta aos tropeços
Batendo os cascos
Morrendo de medo
Dos relhos carrascos
As pernas tremendo
Joelho pelado
Das quedas no tempo
Do ofício malvado
Já velho e cansado
Porém orgulhoso
Esconde o cansaço
E ergue o pescoço
Apruma a carga
No lombo pisado
Faz força e larga
De dente trincado
Estrada comprida
E o sol a tremer
A tropa faz fila
Cumprindo o dever
Espera o comando
Que vem do chicote
E saem marchando
Num passo de trote
O velho tropeiro
De cara encardida
Acende o isqueiro
Dar uma cuspida
Bafora o cigarro
Apruma o chapéu
E faz um pigarro
Olhando pro céu.
Chico Braúna
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
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